sexta-feira, 4 de maio de 2012


A Idade Média é o período histórico compreendido entre os anos de 476(queda de Roma ) ao ano de 1453 ( a queda de Constantinopla).

Este período apresenta uma divisão, a saber:

ALTA IDADE MÉDIA (do século V ao século IX )

Fase marcada pelo processo de formação do feudalismo.

BAIXA IDADE MÉDIA ( do século XII ao século XIV )

Fase caracterizada pela crise do feudalismo.

Entre os séculos IX e XII observa-se a cristalização do Sistema Feudal.

Posto isto, vamos dividir o estudo do período medieval em duas partes.

Nesta revisão abordaremos a Alta Idade Média e na próxima revisão veremos o Feudalismo e a Baixa Idade Média.

ALTA IDADE MÉDIA

Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal.

Neste período observam-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o Reino Franco; o Império Bizantino-parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralizarão da economia e sociedade da Europa.

1. OS REINOS BÁRBAROS

Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistou a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos.

As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:

Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha

Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha

Os Vândalos fixaram-se na África do Norte

Os Ostrogodos que se instalaram na Itália

Os Suevos constituíram-se em Portugal

Os Lombardos no norte da Itália

Os Francos que construíram seu reino na França.

Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo. A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembleia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiadas por um rei (rei que era indicado pela Assembleia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam-em tempos de guerra-a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.

A sociedade germânica era assim composta:

Nobreza

Formada pelos líderes políticos e grandes proprietários de terras;

Homens-livres

Pequenos proprietários e guerreiros que participavam da Assembleia;

Homens não livres

Os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.

Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas ( florestas e pastos ).

A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.

Como vimos na aula 02, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreram de forma pacífica até meados do século IV. A partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos.

Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.

Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.

O REINO FRANCO

A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:

Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII )

Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX )

OS MEROVÍNGIOS

O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos ­que passam a receber apoio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com o apoio militar dos Francos.

Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus).

Entre os Mordomos do Paço, mereceram destaque: Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária; Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em 732 e Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.

A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".

OS CAROLÍNGIOS

Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.

Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média.

Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.

O IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.

A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.

O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império.

O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores.

Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.

No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços -a origem do FEUDO.

Na época de Carlos Magno houve certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.

Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura clássica ( greco-romana ). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.

DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos.

A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que:

Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual)

Lotário ficasse com a parte central ( da Itália ao mar do Norte)

Luís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.

Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política.

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